quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O CANTO DO ROUXINOL



O CANTO DO ROUXINOL
Milamarian



Entreabertas as janelas ao canto que desponte
qual raio de sol cerrando olhos o colo toque
valse nas colinas e numa dança desça e jogue
todo o celeste azul entre a terra e o horizonte.



No singelo gorjeio repouse a lua em prata
despida de tantos véus uma pétala de rosa
ousando refletir a tua cor em curva sinuosa
entregue a ti num cálido luar feito cascata.



Inebrie assim em divina e terna contemplação
todo o incenso emanado pela melodia ao mar
que estendido pela enseada doure no brasão



o aroma dos acordes em harmonia, noite-dia
e despertem flores com o mavioso chilrear
do rouxinol à cerejeira por toda a ramaria.


Japão em 18 de julho de 2007.



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O CARROSSEL



O CARROSSEL

Milamarian



No eixo sem simetria nem reflexo daquele carrossel

giram cavalos e suas incongruentes e disformes figuras

em sorrisos irônicos e enfunados à própria sepultura

esfraldando o roto e amarelado pano, que cobre o corcel.




Enferrujadas charneiras à falta daquele freio rilham

descem e sobem enquanto o favônio sopra o marfim

e cortando afoito sangra sem dó o último folhetim

esmagando os vergônteos que não saem e nem entram.




Roda, roda, rodízio, vira a marimba e encerra o nó

impossível de se retirar o fel que já escorre e mata!

escamotear a cacimba? dizima a horda do limbo ao pó!




Girogira! qual suspenso giroscópio sem fronteira e direção

de pálpebras cerradas dando voltas faz de tudo uma sucata

transmutando o universo à assombrosa e última inversão.



Japão em 19.04.2007



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CHÃO DE ROSAS E CEREJEIRAS



CHÃO DE ROSAS E CEREJEIRAS
Milamarian


Sou-te em pedrarias e rubis na pele casta
primavera em flor e no sustenido e no bemol
pouso em ti qual ardente luz do arrebol
trazendo a calidez que aos montes trespassa.


Inebrio tuas vestes, desces ao solo a alva seda
na luz das gemas e do orvalho resvalas o prado
num suave embalo fazes-me senhora de teu fado
e em oferenda corro a alma em curvas e retas.


Em flores matizas círculos, adentras pelas veredas
sou assim o espelho sem reflexo em teu leito
num sonho de cerejeira quando em ti me hospedas,


e me visto de luar, espalho néctar dos lábios sedentos
entrego-te em cascatas o delírio dos abraços e beijos
do meu juramento que não foi em vão solto ao vento.


Em 25 de setembro de 2007.


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CREPÚSCULO DE AMOR



CREPÚSCULO DE AMOR
Milamarian



Espalham grãos em mansos e suaves passos
qual relvado em movimento sereno ao vento
pequenas folhas embalando o pensamento
suavizam a fragrância da fronte em rastro.



Uníssono suspiro das conchas à carícia do mar
adocica o infinito acorde emanando do horizonte
um universo de pérolas e flores ao alto do monte
onde és tu mirante_aconchego, meu doce lar.



Vagueia a onda em alva espuma e logo mareia
furtivamente sorri a estrela ante o esplendor
deste cálido e forte abraço do oceano às areias,



e o firmamento sente o doce afago da prata
harmonizando na harpa o canto meu em amor
ao fogo da imensidão que o nome teu retrata.

Em 3 de outubro de 2007.

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terça-feira, 30 de outubro de 2007

SEREI PLENA



SEREI PLENA

Milamarian


Em lágrimas nos meus olhos a sorrir
nos lábios em sorrisos a sucumbir
no abraço que à minh'alma embriaga
neste amor que a mim afaga.



No úmido solo da paixão que me devora
na azulada fonte de teus olhos nos meus
em semente germinada dos versos teus
nesta palavra tua que hoje me ancora.




Em mansas brumas lasciva orquídea a viver
e nas íngremes arestas do desejo proibido
inteiramente entregue a um novo amanhecer.


Serpeando nas alvas dunas de cada anoitecer
em carícias ao vento o passado adormecido
ampla serei no encanto de um novo viver.


Japão - 22.09.2006

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PALAVRAS



PALAVRAS

Milamarian


Marginais desfilaram feito sombras nos trigais
esgueirando por sendas, dormiram encruzilhadas
e assim as mantilhas impiedosamente açoitadas
arfaram aquele doloroso grito rumo aos abissais.


Em réstias alucinadas alvoroçando duras asas
deprimiram até mesmo o vácuo c'o lamento
qual seco galho ferindo tantos pensamentos
deitando dois anjos ao fogo, sorriram brasas.


Rasguem os céus as minhas em luz que queima
arrasem a invernada pois jurado com meu plasma
nas raízes do carvalho que é seiva à cerejeira



enfileirei das correntes as enferrujadas argolas
e também desci ao solo a palidez da minh'alma
para te mostrar quem sou por dentro e fora.


Japão em 14 de julho de 2007


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Midi - Vanessa Mae

AMOR ETERNO



AMOR ETERNO
Milamarian



Pudesse hoje ser-te a flor que embala
teu sono e acaricia assim em sonhos
do íris todas as cores em cerrados olhos
ser-te-ia na mansa relva desta seara.



Resvalando as colinas desceria qual riacho
em tua beira sendo seixo a brilhar no chão
junto à tu'alma em amor, unir em cintilação
nossos rubis, em cada canto e todo pedaço.



Deitaria todas as contidas vitórias e alegrias
de nosso livro demarcado por aquela fina seda
que somente a ti eu entreguei naquele dia,



e orvalhar-me-ia em prata nas sementeiras
num suspirar de incenso nas alamedas
onde germinaram...carvalho e cerejeira.


Em 20 de setembro de 2007.


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AURORA


AURORA
Milamarian


Semblante qual estrela de esperança
junto a ribeira transbordando em vento
o incenso de purpúreas rosas ao tempo
reluz a suavidade da promessa santa.



Sorri o firmamento sem cinzentas brumas
em beijos ao raio primeiro do sol na seara
quando o nascente brota e o perfume exala
das cerejeiras em flor nas serras e dunas.



Rompe assim o dia, um pássaro sem asas
despertando o vôo da minh'alma amante
na casta manhã em cores de rubi e plasma,



trazem a primavera e o outono aglutinados
num norte-sul aquarelado em cores radiantes,
transbordantes nos pincéis do meu eldorado.



Em 30 de setembro de 2007.



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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

REALIDADE



REALIDADE
Milamarian


Desfolho a cicatriz da ausência
sangro dores em acesas chagas
derramo o amor que naufraga
nos rubros rios em turbulência.

Reverso de mim em murchas flores
na luz outonal que entristece
espectro que sou não reconhece
pois que levaste os meus rubores.

Verdades mascaram na imagem
exumadas na torpe saudade
descerram-me em negra plumagem.

Alipotente desesperança...
findos sonhos na realidade
mostrando-se em real pujança.

Japão - 24.09.2006

FOLHAS VERMELHAS





FOLHAS VERMELHAS
Milamarian



Sobre os ombros ao redor da cristaleira
descendo pequenas qual flocos de neve
em suaves cores, soltas ao vento, tão leves
acenos à aurora em beijos à cordilheira.



Rodeiam colinas e sem qualquer alardeio
carregam na maciez da face o róseo segredo
da primavera_flor, suavidade do vinhedo
amor reflectido em vidrilhos e espelhos.



Nos alpendres quais papéis avermelhados
em purpurina brilham as notas da canção
traspassam serras e me elevam ao eldorado,


onde nas quatro estações à minha espera
espalhado em todas as cores por todo chão
é somente o nome dele em viva aquarela.



Em 15 de setembro de 2007.



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PÉROLAS



PÉROLAS
Milamarian


Acalentem a fonte das almas adormecidas
segredando ao lago primaveril o doce encanto
que proteja nas invernadas em sopro e canto
de todas as flores em cristais de luz e vida.


Fulgurem cristais dos olhos em finas sedas
lapidando as vertentes em sonhos de amor
e no momento seguinte instalem em resplendor
moldando as duas metades nesta última vereda.


Incensem as colinas c'o perfume das papoulas
ensurdecendo o rio e o calor da lua murmurante
sonhando então o sorriso que conforta e doura


os anseios em versos soltos na infinda estação
suspirando o néctar em gotas nos campos delirantes
das almas debruçadas em eterna comunhão.


Japão em 11.05.2007


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ALPENDRE DE ESTRELAS



ALPENDRE DE ESTRELAS
Milamarian



Delineio em meus olhos entrelace de cristais
espelhos estendidos qual cristalino veraneio
quando em sorriso sorvo as vertentes e cacheio
tantos prados, e assim serpenteio madrigais.


Volta e meia, vira a esfera em forte enlace
abriga a serra que envolve e se faz esteira
em saudade nos doces vales sou a cerejeira
e o verde da grinalda o manto em traspasse.


Caminho sob o alpendre que aqui me abarca
e o brilho da seara qual bruma em cascata
faz clareira, ilumina a sombra que é fraca,


mergulho em prata preencho em dourado
o luar que num afago é aceno e cantata
incensando céus com o perfume adocicado.



Em 03 de outubro de 2007.

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domingo, 28 de outubro de 2007

POR AMOR VENCI...





Venci as fronteiras do desconhecido
seguindo-te! única estrela que me sorrira
e em tinta branca mergulhando a agonia
no teu eterno, meu canto hoje mitigo.


Ignorei reprimendas, palavras mal servidas
pisando em duros seixos, sangrei no chão
mas teus caminhos bem reais, não-ficção
me salvam deste redemoinho de mentiras.

Se me faço relvado à beira de teu regato
é só por um cálice de amor que umedece
este remanso c'orvalho onde naufrago,

as dores tantas de dois cortes nesta palma
que agora fito e é bem ali que prevalece
tanto amor c'o a vertigem da minh'alma.

Japão em 13 de agosto de 2007.


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ORVALHO DE MIM



ORVALHO DE MIM
Milamarian



Orvalho de outono que reza est'aquarela
entrega a ele a prece calada destes veios
ganhe o azul dos céus e junto ao ponteiro
derrame, espalhe-se e em gotas revela.



Sopre o som desta cascata de amor
jorrando em cristal o cálido sorriso
de meus olhos num sonho tão definido
onde ele é dono de mim, meu senhor.



Bate e rebate na serra onde o sol nasce
leva o badalo dos sinos e beija o outeiro
na partitura de um alfa em mi em enlace,



e na outonal melodia faça e refaça
o dourado laço e mostre ao sobreiro
de quem é o canto que sempre me abraça.



Em 1 de outubro de 2007.

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DOIS PONTOS: FIM!


DOIS PONTOS: FIM!
Milamarian



Acordo entre acordes das flautas do tempo
arranco as raízes da saudade e da lembrança
desvencilho do ruído surdo que me alcança
daquele sonho de outrora que se foi ao vento.



Estremeço a alma c'o pulsar do teu nanquim
que sem preceito desfalece a última muralha
e no cárcere de meus veios o amor empalha
destelhando correnteza dentro e fora de mim.



Desencadeio em tempestade à própria volta
e solto os meus lenhos do agasalho da esfera
que num traço, aos dois pontos me transporta,



deito então minha alma sobre o último altar
sangrando de meu peito o amor que se revela
e morro, apenas e tão somente em teu amar.



Japão em 09.05.2007


sábado, 27 de outubro de 2007

AS DOZE LUAS



AS DOZE LUAS
Milamarian


Choram pedaços das doze luas marcadas
rasgando todo o céu suas lágrimas descem
invernando primaveras, verões entristecem
outonos sem flor ao largo da cruz e espada.


Rodam tristonhas sem toada que acompanhe
de joelhos cerram os olhos ao noturno véu
espalhando grafite acinzentam o alvo pincel
onde somente restara a negra nuvem infame.


Inflamam o âmbar do ventre em brado de dor
ramos se queimam incensando da mãe o olhar
e do tronco estremecido a prece de um sofredor


calando ante as cores do íris perdido sob a terra
se encaminham de mãos dadas a testemunhar
janeiros a dezembros em setembros de guerra.


11 de setembro de 2007
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A ROSA HEREDITÁRIA



A ROSA HEREDITÁRIA
Milamarian



Flores sem teores, aromas e frescores
Rosas isentas de alvas cores e amores
Folhas caídas ao chão sem tato e calores
Pétalas desfolhadas...céus assustadores...



Cerejeiras caladas nas mortas horas
róseas gemas na nuvem que devora
cálices tombados sem qualquer demora
sobre a terra já sem sombra e auroras.



Seara-amor, seara-flor, seara em dor
santa-terra, terra-amada, terra-tremor
chão-louvor, chão-vigor, palco de horror,



Hiroshima alegria, Nagasaki em sol
Hiroshima entristecida em negro lençol
Nagasaki envolta pelo escuro arrebol.


2007

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sexta-feira, 26 de outubro de 2007



MENINO
Milamarian



Brilha o el dorado em teu corpo alado
menino das selvas me leva à esplanada
ao encontro da terra, cavalga a enseada
abarcando ligeiro, sonhos junto ao prado.


Volta, renova o canto sagrado das sendas
onde deita em galope certeiro e ameno
o sorriso faceiro do lírio e o canto sereno
do cavaleiro a espada que o brilho ostenta.


Carrega a cerejeira e ao vento as madeixas
se inclinam ante o esplendor de teus veios
que vertem o púrpura nestas jardineiras,


ladeando o costado e cordilheiras em flor
leva meu pensamento, ganha o desfiladeiro
e à verde terra entrega-me a ele em amor.



Em 5 de outubro de 2007.

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Nelumbo Nucifera in english version...


NELUMBO NUCIFERA
Milamarian

[In english version]



From thousand of birds and colors in a peep as a scent
exhale your rose petals over this green field
where the land in a love ritual and enchant so sweet
exalt in prayer, making a cult of you in dawns and sunsets.


In every spring follows the cherry tree alongside of the lake
when the gems blooms and over the hills disperses
the asleep nectar of your leaves divine light makes itself
and lighting up the aquarelle the four elements wakes.


Of your face from the sun adorned gather the breeze
embellishing the mountain the beauty and serenity
cascade too many mounds in an immaculate Sanskrit


without any limitation over the meadow and field
disperse grey clouds falling into the seeding as dew
the lifeblood of your roots, cherishing the field in plea.



Japan, 2007,8th,18th


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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

NELUMBO NUCIFERA


NELUMBO NUCIFERA
Milamarian


Midi - Flor-de-lótus- Zulay's Theme - Milamarian
All rights reserved


Qual perfume num chilreio de mil pássaros e cores
exalam tuas róseas pétalas neste verde campo
onde a terra num ritual de amor e doce encanto
exalta em prece, cultuando-te em poentes e alvores.


Segue a cerejeira à margem do lago em toda primavera
quando as gemas se entreabrem e espalham nas colinas
o néctar de tuas folhas adormecido que se faz luz divina
e acorda os quatro elementos iluminando a aquarela.


Recolhe a brisa de teu semblante pelo sol adornado
a beleza e a serenidade que ornando a cordilheira
cascateiam tantas serras num mantra imaculado,


e sobre os prados e toda a seara sem qualquer limitação
dissipa cinzentas nuvens orvalhando nas sementeiras
a seiva de tuas raízes, alimentando os campos em oração.



Japão em 18 de agosto de 2007



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O LENÇO DE SEDA



O LENÇO DE SEDA
Milamarian




Aos céus ascendera em busca ao manancial
qual pólen em corolas prateadas sem demora
descera cordilheiras e nas serras em penhora
entregara a minh'alma incensando o madrigal.



Alçara vôo ao espaço e no píncaro do monte
resvalara em suaves beijos o canto virginal
do enlace de madeira e jasmim, vidro e cristal
orvalhando o alpendre c'as gotas do horizonte.



Despontando a cor dos meus olhos assim fizera
nascer uma cadente no firmamento em prece
ao sorriso da cerejeira em flor à outra esfera,



pesponto entrelaçado à cordilheira e ao mar
é o róseo lenço que eternizara no perfume
o oriente conjugando para sempre irei te amar.


Em 1 de outubro de 2007.


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quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A ROSA DESAMOR



A ROSA DESAMOR
Milamarian



Rosa desamor, flor concebida em campo de dor
prados sem cascatas, cachoeira em turva água
ribeira em lágrimas, gotas negras da surda lua
noites sem brilho, estrelas apagadas no amargor.


Amarga o incenso, sem perfume nos outeiros
nas cordilheiras arde em fogo quente e doente
labaredas queimando terras e todo o ventre
arranca um negro grito do último ao primeiro.


Contra o ponteiro em rumo certo escurece a bruma
cresce nos céus, decresce e seca as sementes
rasgando o âmago despetalando uma a uma,


tomba o castelo, sangra o painel em vermelho
púrpura que se esparrama nos campos do oriente
calando sem piedade do rouxinol o último chilreio.

Em agosto de 2007


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NOS ACORDES DE MINH'ALMA



NOS ACORDES DE MINH'ALMA
Milamarian



Flauteias em acordes minh'alma sonhadora
com a suavidade de teus versos cristalinos
e eu deslizo em amor ante tão mavioso hino
que se esparge qual fagulha e assim arvora!


Num arco de melódicos tons adentras em mim
calando sombras te agigantas nas passarelas
dos meus veios que se curvam na doce espera
de se mesclarem aos teus neste amor sem fim.


Oiço tua voz que nas searas é canto de rouxinol
a chamar pelo meu nome em valsa de esplendor
e beijo então o vento pois somente teu é o arrebol


que em suaves tons me traz a doçura que é só tua
e me encoraja a renascer neste universo de amor
onde repousam nossas almas, mar e terra, sol e lua.




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LIVRO FECHADO



LIVRO FECHADO
Milamarian


Nos indefinidos traços ora vacilo
são apenas rascunhos amarelados
numa triste moldura alinhavados
ecoando aquele último suspiro.

Embirram as cores e se perde a luz
no círio que padece e hoje chora
o orvalho ausente e assim me imola
em lágrimas ainda naquela cruz.

O coral se cala e já fecha a capela
soando nas negras paredes o soluço
lancinante e ferino que restou dela,

e fica a velha folha sobre o livro fechado
deitando o campal aroma onde debruço
minha lembrança ao sonho aniquilado.

Japão - 06.04.2007

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Midi-Enya

INDELÉVEL



INDELÉVEL
Milamarian


Secam as águas das cachoeiras
flores desmancham-se ao orvalho
sinos não badalam no campanário
porque nada há nas jardineiras.


As rosas todas foram colhidas
e entregues naquele verso
plantadas em lilás à céu aberto
e assim permanecem em sobrevida.


Profundas e verdadeiras raízes não abrem
criam folhas, fechadas em aliança eterna
lançadas à espera do novo dia que vem,


rasgam o solo e se firmam na terra
a fonte não seca, no inverno hiberna
germinando verão de sonhos, alegria de primavera.


Em 20 de setembro de 2007.





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terça-feira, 23 de outubro de 2007

CANÇÃO DO SILÊNCIO



CANÇÃO DO SILÊNCIO
Milamarian



Ouça em silêncio esta canção
pelo umbral adentrarão três verbos
te amo, ainda espero e te quero
no presente de mais uma oração.


Podes ouvir o som etéreo?
no tempo que tudo consente
faz de mim em ti, alma silente
sentindo a quietude do eterno.


Dispersa assim qualquer desdita
traz-te aqui em mansa bruma
e em dó-ré-mi se multiplica,


num prelúdio que corre as horas
transpondo as dunas se avoluma
e ao zênite do amor transporta.


Japão - 30.12.2006




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ALÉM DO TEU HORIZONTE



ALÉM DO TEU HORIZONTE
Milamarian




Há bem ali um mar de rosas em amor
suspiros e murmúrios d'alma silente
ascendendo as colinas no solo dormente
orvalho nas cordas do koto em louvor.


Dois ou três acordes soltos, não importa,
sobrevoam as searas rumo ao firmamento
no solfejo de sorrisos e em todo fragmento
veneram o teu nome, flutuam num vai e volta.


Reviram assim a cordilheira em nascente
revolvendo a terra com o canto tão só teu
que me beija neste esplendor e transcende


a mansa serra acolhida das sementes tuas
onde em bençãos a flor do teu camafeu
te recita em verso no jardim de plumas.

Em 2 de outubro de 2007.



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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

NA CONCHA



NA CONCHA
Milamarian



Brasas em cascata descendo o cálido riacho
pelas corredeiras em fluxo_refluxo sem receio
num suspiro retiram o manto, descobrem seixos
abertas as janelas às pérolas, da luz o facho.


Alisando a fina relva assomam aos céus
em torvelinho de brumas envolvem almas
reverdecem em fados o entrelace de auras
absorvem-se, soltando aos chãos os véus.


Um sonho que assim alcança as rendas
do eterno juramento de amor ardente
lavrando os di_amantes que ostentam,


o veludo e o púrpura em só uma sinfonia
almas e corpos juntos enfim e tão somente
na concha à luz da lua_sol, mar_areia, noite_dia.

Em 16 de setembro de 2007.


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domingo, 21 de outubro de 2007

SEIVA



SEIVA

Milamarian



Seiva nas minhas castas entrelinhas
percorrendo as sendas num torvelinho
alimentas fontes e céus em desalinho
cascata de estrelas promoves às colinas.


Suavemente corres montes, desces pradarias
dos meus anseios ao teu amor em unidade
e num benfazejo olhar a minh'outra metade
mordo os lábios sorrindo um mar de calmaria.


Néctar que desce os vales e cobre a lua
ser-te-ei a aberta concha em teu leito
e ali te entregarei minha alma nua,


mesclarás a tua junto a minha em oração
e eu te afirmarei firme e forte em meus veios
no apogeu de tanto amor somente em teu chão.



Japão em 21 de agosto de 2007



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LIFEBLOOD


LIFEBLOOD

MILAMARIAN

Lifeblood into my breed lines
going through the paths in a whirl
feed in slovenliness fountains and skies
cascade of stars promotes to hills.

Run over mount in tenderness climb down fields
from my desires to your love in a unity
and with a kind glance to my other one piece
I bite my lips smiling a quite sea.

Nectar that descends valleys covering the moon
in your berth I will be a shell...bare
and will devote my nude soul there,

you will blend yours in mine in a prayer
and I will confirm hard and fast in my grain
only in your ground from a great love in a bloom.


Japan, 2007, August, 21th.

CAMINHOS



CAMINHOS

Milamarian

Subo e cascateio colinas e oceanos
por alamedas nas flores sem nomes
vislumbrando em cores a tua fronte
e me encaminho a outro meridiano.

Cobrem o cântaro, cristais e corais
sobre a cristaleira o manto já reluz
qual brilho de estrela e me conduz
caravela de amor junto ao meu cais.

Búzios lançados ao chão em cascata
chamam as ondas em conchas à areia
sopram ao vento a minha única toada,

e à coordenada vestem as águas do mar
formando um íris de carvalho e cerejeira
figurados no horizonte, no mesmo altar.


Em 14 de setembro de 2007.


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SEMPRE



SEMPRE
Milamarian


Ver-te-ei em primaveras de sonhos e amor
sentindo sob os luares teu sorriso_querer
visível somente aos meus olhos a renascer
na úmida relva onde te semeaste qual flor.


Carregar-te-ei dentro deste meu coração
em beleza e esplendor de sol a cada alvorada
quando raios em doce volteio à minha pousada
trazem o teu canto que se espalha em meu chão.


Alegrar-me-ei assim nas pérolas que me ofertas
quando em concha ser-te-ei oferenda em pleno amor
entregue nos teus canteiros minh'alma desperta,


e sorrirei, querendo e te adorando a todo momento
num cascatear de orvalho às colinas em louvor
no teu regato sendo cálice, teu único sustento.


Em 14 de setembro de 2007.

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sábado, 20 de outubro de 2007

A ROSA DO POETA



A ROSA DO POETA
Milamarian


Que se denota nas cordas do alaúde
toldando as duas encostas das colinas
e o perfume exale da mulher-menina
ascendendo o vergel, em plenitude.


Rosa...orvalhe assim meu triste véu
amanheça a gota em castanhos favos
e me floresça com o néctar imaculado
pois só ele deitará ao chão este mantel.


Regresse dele tua pétala em mim sagrada
pincelando o arco de outrora nos outeiros
c'os suaves matizes nesta minha invernada,


e exalte então, a melodia deste cálice de amor!
Revelando à esfera, a dama e o cavalheiro
imortalizados na aliança do poente e do alvor.



Japão - 16.03.2007

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A CARRUAGEM



A CARRUAGEM
Milamarian



Sem algemas segue à outra aragem
numa ida sem volta à estas searas
verdejantes, que nas noites à prata
douraram andrajos em plumagem.



Caminha insone rumo à ribalta
entre luzes e acenos ao ribeirão
onde colhera somente imensidão
num entrelace de passos em valsa.



Marcha em definidos e fortes traços
no branco_vermelho em seus veios
unindo para sempre em compasso



a sua verve que em amor se aperta
ao pulsar deste manto, seu luzeiro
que ilumina e à cerejeira alberga.



Japão em 15 de agosto de 2007.

VEREDAS



VEREDAS
Milamarian


Suspiram as folhas qual borboletas
num balouçar tão suave que prateia
lençóis reverdecidos à luz da lua cheia
e nas asas carregam cores de estrelas.


Augusto é o semblante do bronze adornado
pelo espelho de amores qual dourado singelo
espalhando na relva a magia do fado mais belo
que enaltece o cenário em cordões nacarados.


Um rio de esperança onde deito rubis em amor
escorrendo diamantes entre seixos floridos
levando a ele o perfume da mais linda flor,


uma vereda cortando brumas e ventania
entregando a alma e os cinco sentidos
da cerejeira ao carvalho naquela serrania.



Japão em 12 de agosto de 2007



NO SILÊNCIO





NO SILÊNCIO
Milamarian



Baila ante nós o esplendor da auroraintensos reflexos das alvas grinaldasquando ao sabor de ondas tão altasdeslizo em ti senhor... sou tua senhora!



Em pétalas e incenso de rendas ao solnavegantes da paz em amenos semblantesrefletindo nas águas pequenos brilhantese coloridos cristais a cada novo arrebol.



Somos o aceno às brumas dissipadasrompendo num mergulho a distânciaseguros pelos laços de toda alvorada,



em respingos às areias em gotas de dulçorna nudez de nossas almas em consonânciaao silêncio do mar junto à enseada em amor.

Em 15 de setembro de 2007